segunda-feira, 30 de março de 2009

Genialidade Musical


Há muito tempo atrás, em uma das inúmeras boas aulas de contrabaixo com meu mestre Cid Moraes, conversávamos sobre "gênios" da música - as aspas servem para não termos problemas de interpretação com a concepção da palavra, quando falo gênio eu enalteço o produto final e não as etapas para conseguir chegar a obra prima, isso será assunto para um próximo texto. Além da troca de conhecimento tínhamos verdadeiros diálogos muito produtivos dignos de serem colocados em papel para compartilhar com as pessoas. Falávamos sobre como Freddie Mercury conseguia fazer uma pessoa arrepiar com suas músicas, não só ele mas Brian, Roger e John também. Eu dizia sempre que para tal fato seria necessário muitos anos de estudo e feeling, eu sempre preocupado em aprender cada vez mais. Mas com toda sua simplicidade, Cid me disse qual era a concepção de gênio para ele, dividia-se em dois fatores, estudo e musicalidade. A musicalidade está envolvido com o sentimento que um músico tem com a música, é o que faz uma medolia encaixar perfeitamente em uma harmonia, é o que faz um solo de guitarra fazer qualquer ouvinte ficar admirado. Claro que existem vários maravilhosos músicos que tem apenas um dos dois fatores, por exemplo, em minha opinião, Malmsteen tem muito estudo e técnica mas peca no feeling ás vezes, Yamandu Costa é um excelente violonista mas exagera em sua virtuosidade e velocidade esquecendo as vezes de um dos melhores mandamentos da música - menos é mais. Por outro lado temos músicos maravilhosos que são dotados de musicalidade mas não muito de estudo, por exemplo, Humberto Gesinger, suas frases de baixo tem um feeling que resolve muito bem e até faz com que elas fiquem memoráveis como em Refrão de Bolero, ou a frase de piano de Pra ser Sincero, ou o guitarrista The Edge do U2, suas guitarras já são trademark de suas músicas, sempre voltadas mais para o feeling do que para a técnica. Agora, quando juntamos as duas coisas, temos gênios como Brian May, em Who Wants To Live Forever seu solo é simples e com muito sentimento algo que só pode ser feito por quem tem a genialidade do dois fatores, outro exemplo é em You Don't Fool Me música com batida mais "dance" e que requer uma genialidade típica de May para não parecer um solo que sobre no estilo. Para não parecer bairrista, não vou falar de Freddie Mercury mas de Frank Sinatra, o Jazz que esse gênio fez agrada todas as pessoas. Feeling perfeito mostrado em My Way com técnica vocal apurada fruto de estudo. Os exemplos são muitos e poderia fazer um blog apenas sobre o assunto, temos Elis Regina, Colin Hay, Andy Mckee, Mark Knopler, Jimmi Hendrix, Slash entre outros. Essa é uma discussão muito interessante que pode mudar o estudo de muita gente, como mudou o meu e agradeço ao mestre Cid.

3 comentários:

Waldir disse...

Gostei desse "post", mas acho que o The Edge tem mais que musicalidade. Acho que ele tem técnica também. Eu sou bairrista mesmo, hehehe.

Valeu

Marconi de Oliveira disse...

É meu caro, tbm gostei muito do post, e pra contribuir, me sinto na obrigação de citar duas obras primas, uma juntando o feeling e a técnica, e o outro ultrapassa os dois fatores. Pois bem, STEVE VAI em For The Love of God, solos sentimentais e técnicas infalíveis.E por fim, Renato Russo em suas diversas letras e melodias, mas uma me chama muito a atenção, Metal Contra as Nuvens, fantástico.
Mas eu concordo, alguns pecam por técnica, falta de ou excesso, e outros apenas por feeling, tbm falta de ou...será se excessso de feeling é ruim?
Abraço Brow!!!
FORÇA SEMPRE!!!

Betão Leal disse...

Grande Bezerra, achei sensacional seu post. De fato é uma discussão interessante a questão da Técnica e Feeling, enquanto uma mostra o talento do artista e toda sua bagagem musical adquirida com os estudos a outra mostra algo de uma outra ordem, algo que vem da alma. Creio que a técnica pode ser trabalhada e bem desenvolvida contudo o feeling não se aprende na escola de música, diz da sensibilidade da pessoa... sem dúvidas que quando ambas estão presentes temos os chamados "Gênios" como vc bem disse! Aquele abraço!!! Roberto-RJ